Pensar em outro idioma te ajuda a tomar decisões racionais

Posted by Rodrigo Salomão On 5/06/2012


Tá difícil tomar decisões racionais na hora de resolver os dilemas da vida? Então tente pensar sobre seus problemas em inglês, espanhol ou em qualquer outro idioma estrangeiro. Psicólogos da Universidade de Chicago garantem: quando pensamos sobre um assunto em outra língua, o lado racional se sobrepõe ao emocional.

Eles fizeram testes (o estudo é esse aqui) com estudantes para testar a teoria. Quem topou o desafio teve de resolver alguns problemas – apresentados em idiomas estrangeiros ou na língua nativa do participante. Eram situações como essa aqui:
Uma epidemia se espalha rapidamente pelo país (tipo os zumbis do seriado The Walking Dead) e, sem medicamento, 600 mil pessoas morrerão. Você precisa escolher entre dois remédios:
1. Medicamento A: 200 mil pessoas serão salvas;
2. Medicamento B: há um terço de chances de salvar 600 mil pessoas e dois terços de chances de não salvar ninguém.

E aí, qual você escolhe?
Segundo os psicólogos americanos, a maioria das pessoas opta pelo medicamento A, marcado como algo que vai “salvar vidas”. Elas preferem a segurança de poupar 200 mil pessoas ao risco de curar ou matar todas. Então eles repetiram o cenário, mas sob uma perspectiva diferente.
1. Medicamento A: 400 mil pessoas morrerão;
2. Medicamento B: há um terço de chances de salvar 600 mil pessoas e dois terços de chances de não salvar ninguém.

Nesse caso, a maior parte das pessoas prefere o remédio B. É exatamente a mesma situação. Mas, nesta nova sentença, as 400 mil mortes do remédio A ficam mais em evidência do que as 200 mil vidas salvas.

E o que isso tem a ver com os idiomas? Nos experimentos, os psicólogos perceberam que, quando as situações eram apresentadas em idiomas estrangeiros, os participantes eliminavam a aversão ao risco. Ou seja, não importava a ordem das sentenças, a escolha era sempre racional. Melhor correr o risco de salvar todo mundo do que ter a certeza de matar dois terços da população.
Os pesquisadores dizem que mesmo frases fofas, como declarações de amor, não têm o mesmo efeito emocional para o ouvinte quando são pronunciadas em um idioma estrangeiro ao dele. É como se nós não sentíssemos as mesmas emoções quando falamos outra língua. Parece que precisamos mais do lado racional para falar outro idioma, e, então, deixamos as emoções mais escondidas.

Então é isso: se for pra amar, pense em português; ser quiser ser racional (e frio), pense em uma língua estrangeira. Se alguém testar a teoria, conta o resultado pra gente?

Café evita amnésia pós-bebedeira

Posted by Rodrigo Salomão On 5/06/2012



Não sei se a dica é boa, mas se você quiser escapar da amnésia alcoólica, só precisa tomar umas xícaras de café.

Com ratos funcionou bem. Pesquisadores da Universidade do Texas jogaram quatro bolinhas dentro de uma gaiola e as mantiveram lá por 24 horas. Retiraram todas por uma hora. Na sequência, colocaram três bolinhas já conhecidas e uma quarta, de madeira, com um odor diferente (chamada de N1). Os ratos, que pesavam entre 200 e 400 gramas, puderam explorá-las durante um minuto, por 3 vezes. Logo após a fase de reconhecimento, os cientistas injetaram doses de salina e 1g/kg de etanol em um grupo, e pentilenotetrazol (substância usada para causar amnésia retrógrada), e 3g/kg de etanol em outra turma de roedores.
No dia seguinte, os cientistas jogaram de novo quatro bolinhas: duas usadas no teste anterior, a N1, e uma nova, a N2, retirada da gaiola de outros ratos. Os animais que receberam doses menores de álcool e salina pareceram se lembrar melhor da noite anterior, já que preferiram explorar a bolinha N2 ao invés da N1. Quem tomou pentilenotetrazol e mais etanol insistiu em conhecer, de novo, o N1.

Um terceiro grupo de ratos, da turma do pentilenotetrazol e das altas doses de etanol, recebeu também um pouco de cafeína (5mg/kg). Aí, apesar da embriaguez, eles conseguiram se lembrar da N1 e partiram para a conquista da bolinha desconhecida, a N2. Ou seja, a cafeína parece cortar o efeito da perda de memória causada pelo álcool.

Eu gosto de acreditar que a amnésia alcoólica é um mecanismo de defesa da consciência. Você exagera na bebida, fala um monte de bobeiras e no dia seguinte, como num passe de mágica, não se lembra de nada. Imagine, então, acordar com todas as lembranças detalhadinhas… Será que vale mesmo a pena beber um cafézinho entre uma cerveja e outra?